quarta-feira, março 14, 2018

Hangar de Balão - 1925

Com a vinda do Director do Parque de Material Aeronáutico, em 1918, para Alverca, deu-se por arrastamento a colocação da Companhia de Aerosteiros nesta localidade, vinda de Vila Nova da Rainha. Foi o seu pessoal que de início guarneceu o Parque, antes do assalariamento de civis e do contracto de mecânicos graduados. Esta companhia, pela reorganização de 10 de setembro de 1924, passou a denominar-se Companhia de Aerostação de Observação e dois anos mais tarde, em 21 de Agosto de 1926, foi transformada em Batalhão de Aerosteiros, com vários balões cativos zodiac e um esférico para voos livres.

Edifício do Comando e Messe do Batalhão de Aerosteiros no PMA.

Operações junto ao hangar com balão cativo tipo BD do Batalhão de Aerosteiros de Alverca

Exercícios no Batalhão de Aerosteiros em Alverca. (Foto Arquivo Torre do Tombo)

Vista do hangar de balão ao fundo e do hangar de aviões do aerodromo em 1928.
Na sequência desta reorganização, foi construído em 1925, o Hangar de Balão para a manutenção de balões de hidrogénio, suspensos, desenhado pelo gabinete de arquitectura da Aeroplanning Gmbh, com a colaboração do engenheiro Rolf Schmalor. No ano seguinte, em 1926, iniciar-se-ia a construção do Hangar de Montagem.

Hangar de balão com os rebanhos para conservação da pista de aviação

Vista interior do hangar de balão

Estrutura geodésica entrelaçada na construção do hangar de balão
Utilizando uma arquitectura geodésica, já desenvolvida e adaptada à construção de estruturas de fuselagem e asas cantilever pela casa Vickers, na construção dos aviões monomotores Welesley e bimotores Wellington, bem como na construção civil e naval, o hangar de balão das OGMA é o único exemplar, actualmente existente no mundo, utilizando este tipo de estrutura inovadora.
O hangar possui uma altura máxima de 13,10 metros, uma largura 14,65 metros e 40 metros de comprimento, sendo revestido com 22.800 telhas de fibrocimento. No interior existem dois pisos superiores de onde se acedia à tela dos balões. Toda a estrutura interna é composta por traves de madeira dispostas diagonalmente, lembrando o casco de um navio invertido, “ [...] era considerada modelar na época. A disposição de elementos diagonais evita o contravento, permitindo uma grande economia de espaço, tal como era necessário para o alojamento de balões.” (OGMA, Hangar de Balão, [programa do 80º aniversário], Alverca, OGMA, 1998).

A primeira estrutura geodésica, construída em 1922 em Jena, Alemanha, da Companhia Zeiss Optical.

Asa monolongarina «Dewoitine»
Construção geodésica aplicada à fuselagem e asas, iniciado pela Vickers
 
Fuselagem monocasco com revestimento resistente «Bleinheim»
A arquitectura da construção geodésica, contribuiu para a resolução de questões de ordem estrutural, particularmente no vencimento de grandes vãos, e determinou, nos anos 50, a concepção dos impressionantes Hangares de Manutenção de Aeronaves, organizados mediante um engenhoso sistema estrutural misto, que proporciona a abertura de vãos de 120m e 160m de largura, suspensos por consolas de 45m de profundidade, fixas por meio de uma rótula que se articula com uma estrutura entrelaçada e ancoradas ao solo através de tirantes na face oposta. (documento do IPPAR)

Rallye do Sporting de 1961, no Aeródromo de Alverca, vendo-se atrás o hangar de balão.(Crédito: Carlos Pinheiro)

O hangar de balão nas cheias de Novembro de 1967.
O Batalhão de Aerosteiros foi extinto na reorganização militar de 31 de Dezembro de 1937, tendo o Hangar de Balão cessado a sua função original. Desde essa data, foi este hangar utilizado, durante bastantes anos, como arrecadação de aviões e material diverso, incluindo documentação, a qual se terá perdido (destruída inadvertidamente confundida com lixo), durante os trabalhos de recuperação do hangar em 1993, aquando das comemorações dos 75º aniversário das OGMA.
Actualmente, o hangar de balão é um testemunho único do Património Industrial do país, e de Alverca em particular, sendo utilizado pela empresa como espaço de memórias, onde se encontram expostas fotografias e objetos intimamente relacionados com a história das OGMA, tendo sido realizadas exposições comemorativas por altura dos seus aniversários.

Hangar de balão e exposição do 90º aniversário das OGMA, realizada em Junho de 2008









É importante assinalar que, grande parte do acervo da história das OGMA, (aviões e réplicas construídos, uns e outros, na empresa) e documentação diversa: manuais de aeronaves, publicações técnicas, documentação interna, revistas, fotografias, entre outros, passaram a incorporar o Museu do Ar, criado em 1969, em instalações cedidas pelas OGMA.(OGMA, Museu Industrial da OGMA, folheto).
Funcionando o Hangar de Balão como Museu Industrial OGMA, espaço importante para o conhecimento da História de Alverca e do seu Património Industrial, na sequência do trabalho realizado pela Comissão de Conservação do Património Histórico-cultural das OGMA em 1993, o facto é que o acesso ao museu não é fácil, sendo aberto ao público apenas em momentos especiais, nas comemorações dos aniversários das OGMA e a visitas institucionais de órgãos ligados ao governo e escolas secundárias e universitárias. (Fragmentos de Alverca: História e Património de Anabela Ferreira, 2009)

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2 Comments:

Anonymous Vitor Silva said...

Excelente artigo e registo da história. Muito obrigado.

9:07 da tarde  
Blogger José Fernandes dos Santos said...

O dever da memória.

10:33 da tarde  

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